Sabe aquela discussão: “o que é arte versus o que não é arte”? Pois bem, muita gente só considera o Manifesto das 7 Artes, mas há várias linguagens pelo mundo afora. Logo, este post é um convite para conhecer a história da Arte Digital, que é um verdadeiro universo.

Afinal de contas, as tecnologias disruptivas trazem à tona um infinito de possibilidades, chegando até a Cripto Arte. Por isso, falaremos das inovações que abriram caminho para a história da Arte Digital e, em especial, as experimentações feitas por 15 artistas digitais

10 curiosidades para fazer uma imersão na história da Arte Digital

Agora, vamos às curiosidades da Arte Digital, de modo que mais pessoas tenham a chance de reconhecer essa manifestação. Por sinal, em um futuro não tão distante, será uma expressão artística tão comum quanto Literatura, Teatro e Dança. Já pensou nisso? 🤔

1. O que é Arte Digital?

Para entender o que é Arte Digital, precisamos voltar uma casa no tabuleiro para pensar na tecnologia em si. Isso porque as obras multimídia são criadas em ambientes virtuais, por meio de computação gráfica, o que envolve tanto os softwares, quanto os hardwares.

Em outras palavras, a tecnologia faz parte do processo de criação, apresentação e degustação das peças inovadoras. Por exemplo, podemos citar as animações do Cinema, a Modelagem Tridimensional (3D) e até mesmo as Digigravuras, que são Gravuras Digitais

Sinônimos de Arte Digital

  • Artes das Novas Mídias ou Arte dos Novos Meios (New Media Art)
  • Arte Eletrônica
  • Arte Multimídia
  • Arte por Computador ou Arte Computacional
  • Arte Virtual
  • Net Art

2. Quem é considerado o fundador da Arte Digital?

Se você está curioso para descobrir quem criou a Arte Digital, essa espera finalmente acabou. Um dos pioneiros dessa linguagem artística é o professor Charles Csuri, que é o “pai da Arte Digital e da Animação por computador”, de acordo com a revista Smithsonian. 

3. Como surgiu a Arte Digital? E onde nasceu?

Antes de abordar como e onde surgiu a Arte Digital, vale lembrar que o primeiro computador surgiu em 1946. Contudo, essa tecnologia levaria cerca de 2 décadas para se popularizar, razão pela qual a história da Arte Digital começa na década de 1960, em vias de fato.

Falando nisso, confira alguns marcos da história da Arte Digital:

  • em 1963, Charles Csuri começou seu trabalho com computação gráfica e animação computorizada;
  • o coletivo EAT (Experimentos em Arte e Tecnologia) era focado na colaboração entre tecnologia e arte;
  • na obra Nude, Kenneth Knowlton e Leon Harmon transformaram uma fotografia em linguagem gráfica;
  • em 1970, o coreano Nam June Paik cria a primeira obra do gênero conhecido como Videoarte;
  • o pesquisador de computação gráfica Martin Newell criou o Bule de Utah em 1975, o primeiro modelo de teste 3D;
  • nos anos 1980, o ícone da Pop Art, Andy Warhol produz experimentações artísticas com um computador;
  • o movimento net.art surge em 1994, tendo como um de seus expoentes como o artista sérvio Vuk Ćosić; 
  • em 1995, Jeffrey Shaw passa a conectar as manifestações artísticas com a realidade aumentada;
  • já em 2005, David Rokeby cria a instalação n-cha(n)t, que incorpora a inteligência artificial;
  • atualmente, os artistas digitais têm plataformas para alavancar suas experimentações, como a Homeostasis Lab.

4. E quanto à história da Arte Digital no Brasil?

A história da Arte Digital no Brasil foi objeto de estudo de Débora Aita Gasparetto, em seu Doutorado de Artes Visuais. Aliás, a pesquisa mapeou “espaços de produção, distribuição, consumo e preservação” da linguagem, destacando o pioneirismo de Waldemar Cordeiro.

Para mais detalhes, vale conferir a Tese de Doutorado e o livro O Curto-Circuito da Arte Digital no Brasil. E, para se ter uma ideia das reflexões dessa pesquisadora, confira um trecho da publicação:

“Na análise do fomento ao circuito da arte digital no Brasil, ainda é possível verificar praticamente a ‘inexistência’ de um mercado nacional para a produção, principalmente se comparado a outros países, onde as feiras específicas de New Media Art e as galerias têm ganhado reconhecimento internacional”.

5. Como funciona a Arte Digital?

Basicamente, a Arte Digital lança mão de equipamentos eletrônicos, seja na criação ou exposição das obras. Por exemplo, uma Animação pode ser feita com várias técnicas, como Stop Motion ou Motion Tween. No fim das contas, as tecnologias trazem inúmeras possibilidades para as experimentações dessa linguagem artística. O céu é o limite, mesmo. 

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6. Quais são as características da Arte Digital?

Logo abaixo, listamos as principais características da Arte Digital, sendo que novas experimentações surgem dia após dia:

  • conexão entre arte e tecnologia, promovendo reflexões sobre os impactos da Era da Informação na sociedade;
  • possibilidades infinitas para criar conteúdos audiovisuais, o que antes era limitado por matérias-primas, espaços etc.;
  • revolução no próprio fazer artístico, assim como na distribuição e no acesso ao universo das artes;
  • mais autonomia para que os artistas possam criar suas obras e financiá-las de modo coletivo (crowdsourcing);
  • plataformas eletrônicas trazem oportunidades de monetização para os artistas, pois até um meme pode virar NFT.

7. Para que serve a Arte Digital?

Historicamente, os gêneros de arte são expressões culturais das pessoas e comunidades em que vivemos. E isso não é diferente quando falamos de Arte Digital, uma vez que o uso das tecnologias universaliza a produção e a propagação das obras, em escala global.

8. Quais são os principais livros sobre Arte Digital?

Para ampliar seus conhecimentos sobre a estética, as técnicas e a história da Arte Digital, confira os seguintes livros:

  • Arte: Do Rupestre ao Remix | Beá Meira
  • Vereda Digital Conexões com a Arte | Virginia Aoki
  • Futuros Possíveis: Arte, Museus e Arquivos Digitais | Giselle Beiguelman e Ana Gonçalves Magalhães
  • Arte e Mídia: Perspectivas da Estética Digital | Priscila Arantes
  • Beginner’s Guide to Digital Painting in Procreate: How to Create Art on an Ipad(r) | Publishing 3dtotal
  • Arte Digital | Luiz Antonio Zahdi Salgado
  • O Ensino das Artes Visuais na Era das Tecnologias Digitais | Andréa Bertoletti e Patricia de Camargo
  • Arte Digital. Técnicas de Ilustração Digital | Antonio Batista
  • NFT HandBook. Guía de NFT para principiantes 2022: Que son los NFT y cómo crear, comprar, vender y evitar estafas con los Non-Fungible Tokens | Michael Rod
  • Ctrl+Art+Del: Distúrbios em Arte e Tecnologia | Fabio Oliveira Nunes
  • Metaverso, GameFi y el Futuro del Juego: Increíble Guía para Conquistar el Mundo Blockchain e Invertir en Tierras Virtuales, NFT (Cripto Arte), Altcoins … y Mejores Proyectos DeFi | Amanda R.Harvey
  • Computergraphik – Computerkunst | Herbert Werner Franke
  • O “Curto-Circuito” da Arte Digital no Brasil | Débora Aita Gasparetto
  • omemhobjeto | Guto Lacaz
  • Arte Digital | Wolf Lieser

A propósito, esse último autor, Wolf Lieser, diz o seguinte sobre o que é considerado como Arte Digital:

“Pertencem à arte digital as obras artísticas que, por um lado, têm uma linguagem visual especificamente mediática e, por outro, revelam as metacaracterísticas do meio”.

Diante dessa reflexão, seguimos para o próximo tópico, em que traremos alguns exemplos de Arte Digital. Vamos lá?

9. Quais são os tipos de Arte Digital?

Agora, listamos 16 exemplos de Arte Digital, tendo em vista que novas manifestações vão surgindo com o passar do tempo: 

  • Animação Digital
  • Arte Fractal
  • Colagem Digital
  • Desenho Vetorial
  • Digigravura (Gravura Digital ou Infografia)
  • Edição de Vídeos, Fotos e Imagens
  • Fotografia Digital
  • Hologramas
  • Ilustração Digital
  • Intervenções em Espaços Públicos
  • Modelagem Digital (2D ou 3D)
  • Pintura Digital
  • Pixel Art
  • Tagtool
  • Vídeo Digital
  • Vídeo Mapping

10. Quais são os destaques nas obras de Arte Digital?

Para conhecer o poder (e o potencial) da história da Arte Digital, veja 5 experimentações que conectam arte e tecnologia:

  • em 2019, o artista digital Mike Winkelmann, a.k.a. Beeple, vendeu uma obra digital por US$ 69 milhões. Nesse caso, a peça Everydays – The First 5000 Days foi registrada como NFT (Non-Fungible Token ou Token Não Fungível, em português);
  • no festival Coachella de 2012, o show de Dr. Dre e Snoop Dogg contou com uma participação especial. Na ocasião, eles cantaram junto com o Tupac Shakur (2Pac), por intermédio de uma projeção holográfica da performance do falecido rapper; 
  • o Museu Atelier des Lumières lançou a exposição imersiva de Vincent Van Gogh, em 2019. Com 140 projetores, o ambiente foi “inundado” por imagens amplificadas dos quadros famosos, sincronizados com a narração sobre a vida e obra do pintor;
  • já o Museu Mori Building Digital Art Museum: teamLab Borderless, em Tóquio, aposta na interatividade. No espaço, os visitantes podem interagir com as obras de diversas maneiras, visto que os pisos, tetos e paredes são revestidos por telas; 
  • a artista-programadora Mônica Rizzolli e a percussionista Lan Lanh criaram uma  coleção em NFT. Em Chovendo no Cerrado, representações botânicas são envoltas em ambientes geométricos, ao som da trilha sonora desenvolvida para esta série. 

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Os 15 maiores artistas digitais de todos os tempos

A seguir, falaremos dos artistas que marcaram (e continuam marcando) a história da Arte Digital. Para tal, elencamos os pioneiros do estilo, juntamente com os ganhadores do prêmio do Digital Art Museum (DAM), em reconhecimento à influência dos seus trabalhos.

1. Charles “Chuck” Csuri

O professor Charles Csuri criou a primeira animação artística computadorizada, chamada Hummingbird. Nos anos 1960, ele gerou 30.000 imagens para obter 25 sequências de movimento de um Colibri.

2. Kenneth C. Knowlton e Leon D. Harmon

Em 1967, a obra Computer Nude (Studies in Perception I) foi feita por um engenheiro da computação e um pesquisador em neurociência cognitiva. Juntos, eles recriaram a foto da dançarina Deborah Hay, transformando a imagem em um mosaico de bitmap.

3. Carla Chan

Carla Chan mescla os multimeios, incluindo: vídeo, fotografia e instalação. Para ela, a Arte Digital tem “infinitas possibilidades de expressões artísticas”, nos “limites borrados entre realidade e ilusão, figura e abstração”, revelando assim a “ambiguidade da natureza”. 

4. Richard Hamilton

Richard Hamilton é o autor de uma das obras célebres da Pop Art: Just what is it that makes today’s home so different, so appealing? Na Colagem Digital, feita no “Quantel Paintbox” de computação gráfica, ele reflete sobre a relação entre a tecnologia e a contemporaneidade.

História da Arte Digital - Richard Hamilton

Fonte: Tate

5. Nam June Paik

O pai da Videoarte, Nam June Paik, também é conhecido pelas esculturas com televisão de tubo. Em Electronic Superhighway: Continental U.S., Alaska, Hawaii, de 1995, ele propõe a rede mundial que conecta pessoas por satélites, cabos e fibra ótica. Alô, World Wide Web!

6. Zach Lieberman

O foco de Zach Lieberman é descobrir “como a computação pode ser usada como meio para a Poesia”. E, se você quer algum argumento a mais para conhecer o trabalho dele, saiba que suas obras de arte são criadas com linguagem de programação. Incrível, né?

7. Mike Winkelmann

Mike Winkelmann (Beeple) tem faturado milhões com os NFTs, tal como já mencionamos. Não por acaso, a colagem Everydays – The First 5000 Days é literalmente o resultado de 5 mil dias de trabalho dele, pois trata-se de uma compilação dos 14 anos de sua produção.

História da Arte Digital - Beeple

Fonte: Tecnoblog

8. Lynn Hershman Leeson

Em 2010, Lynn Hershman Leeson conquistou o prêmio Dam Digital Art Award (DDAA). Desde os anos 1970, ela utiliza novas mídias para refletir sobre as questões sociais da contemporaneidade, como: papel de gênero, proteção da privacidade e daí em diante.

9. Norman White

Na edição de 2008 do DDAA, o premiado foi Norman White, que diz fazer “experimentos pseudocientíficos”. Nessa perspectiva, ele planeja que o processo artístico esteja além do seu controle, de modo que os espectadores possam interagir e completar as obras de arte. 

10. Manfred Mohr

Em 2006, foi a vez de Manfred Mohr ganhar a premiação DDAA. Embora tenha começado como pintor e músico de Jazz, ele voltou a carreira para as criações feitas pelo computador. Com influência de ritmo e repetição, suas obras são famosas entre os ícones da Digital Art.

11. Vera Molnar

Trabalhando com computadores desde 1968, Vera Molnar conquistou a primeira edição do DDAA. Como marca registrada, seu trabalho envolve a “quebra” de unidades repetidas, que, geralmente, se traduzem em uma série de imagens, ficando cada vez mais fraturadas.

12. Jeffrey Shaw

Já reparou no porco inflável, Algie, no álbum Animals, do Pink Floyd? Jeffrey Shaw foi o co-designer da obra inspirada no livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Além disso, o artista conecta as mídias com realidade virtual e aumentada, como em Golden Calf

13. David Rokeby

David Rokeby produz Arte Eletrônica, Audiovisual e Instalações desde 1983. Nessa linha, a Instalação Interativa n-Cha(n)t, busca “ouvir uma comunidade de computadores falando juntos: conversando entre si, meditando, entoando cânticos…”. E aí, o que você acha?

14. Harold Cohen

O artista britânico, Harold Cohen, é o criador do programa AARON, projetado para criar arte de forma autônoma. Por falar nisso, seu trabalho na conexão entre a arte e a inteligência artificial computacional levou suas obras aos grandes museus e galerias, como a Tate.

15. Andy Warhol

Por fim, provavelmente você já foi impactado por obras de Andy Warhol, inclusive na Pop Art. Mas será que viu as artes digitais “esquecidas”, que foram feitas no antigo computador Commodore? Por exemplo, olha só essa releitura de O Nascimento de Vênus, de Botticelli:

História da Arte Digital - Andy Warhol

Fonte: Revista Época

Bônus: mais artistas digitais que você definitivamente precisa conhecer

Logo adiante, confira mais artistas digitais que se destacaram nas matérias dos portais Hypeness e Versatille:

  • Bárbara Scarambone | Colagem
  • Fabrizio Lenzi | Ilustração Digital
  • Fernando Velásquez | Arte Multimídia
  • Muti Randolph | Instalações em 3D
  • Leandro Mendes (VJ Vigas) | Performances Audiovisuais
  • Eduardo Kac | Arte Holográfica e Bioarte
  • Juli Flinker | Vídeo Mapping, Hologramas e Tagtool
  • Laura Ramirez (Optika) | Vídeo Mapping ao vivo e Intervenções em Espaços Públicos
  • Maunto Nasci e Marina Rebouças | Video Mapping para Shows
  • Francisco Barreto | Arte Computacional e Inteligência Artificial
  • Catarina Bessell | Colagem Digital
  • VJ Suave | Video Mapping
  • Rachel Rosalen | Instalações Interativas, com conceitos de Arquitetura
  • Giselle Beiguelman | Intervenções em Espaços Públicos, Projetos em Rede e Aplicativos
  • Lucas Bambozzi | Performances Audiovisuais e Projetos Interativos
  • Tullius Heuer | Pintura Digital
  • Luciana Nunes | Projetos Multimídia
  • Bia Ferrer | Intervenções aliadas à Fotografia e Arte de Rua
  • Gabriela Naime | Design Gráfico
  • Alberto Zanella | Motion Graphics
  • Henrique Roscoe | Música Visual
  • Sandro Miccoli, Fernando Mendes e Rafael Cançado | Instalação Interativa

Vale super a pena conhecer o trabalho desses artistas, sobretudo desse trio aí acima: Sandro, Fernando e Rafael. Por exemplo, eles criaram a Instalação Interativa Xote Virtual, que “reage” ao gingado das pessoas, ao som dos ritmos: Forró, Rock e Música Eletrônica

E, por acaso, você conhece mais alguém que marcou a história da Arte Digital? Quem seria o maior artista digital de todos os tempos, na sua opinião? Deixe seu comentário no fim do post, o que contribui para enriquecer os próximos artigos do blog, ok? 

Próximos passos: reflexões sobre tecnologia e arte

Enfim, esperamos que você tenha gostado de conhecer as nuances da história da Arte Digital. Em paralelo, vale lembrar que ainda veremos novas experimentações nos próximos anos e décadas, principalmente no Metaverso. E queremos muito mais de onde isso veio, né?

Seguindo essa linha, aproveite para refletir sobre as reviravoltas da arte, da tecnologia e da sociedade nos seguintes posts da Artcetera:

See ya! 

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