Conheça as obras de Michelangelo, um dos maiores artistas do período Renascentista
Michelangelo Buonarroti nasceu em Caprese, nas proximidades de Florença, na Itália, no dia 6 de março de 1475. Ele é considerado um dos maiores nomes das artes plásticas no período renascentista, tendo trabalhos como pintor, escultor, arquiteto e poeta.
Sua carreira teve início quando, aos 13 anos, entrou para a oficina de Domenico Ghirlandaio, mas ele logo deixou o primeiro mentor, pois queria focar em sua verdadeira paixão, as esculturas. O ofício de escultor foi amplamente incentivado pela família Médici quando Michelangelo é convidado por Lorenzo a viver com eles, e assim começa a jornada de suas grandes obras.
O talento notável de Michelangelo foi esculpido em mármore e pincelado em afrescos. O Artcetera revisitou a história desse grande artista e selecionou uma lista das 7 obras mais famosas de Michelangelo, que você pode conferir a seguir.
Madonna da Escada (1490 – 1492)
Já na residência dos Médici, Michelangelo aproveitava a escola de escultores organizada por Lorenzo, onde copiava esculturas clássicas da coleção e dava os primeiros passos para desenvolver seu próprio trabalho.
Foi assim que com apenas 15 anos ele entalhou a Madonna da Escada, inspirada em um dos trabalhos de Donatello, um relevo marmóreo que retrata uma cena comum entre pintores e escultores da época, a Virgem Maria com o Menino Jesus.
Atualmente a obra se encontra na Casa Buonarroti, podendo ser visitada com um guia particular.
Pietà (1498 – 1499)
Considerada a maior conquista artística de Michelangelo, levando 9 meses somente na escolha do mármore em Carrara, Pietà retrata novamente uma cena muito utilizada pelos artistas da época, mas com traços únicos do ponto de vista de Michelangelo.
Nessa época, Michelangelo estudava anatomia humana e dissecava, corpos em segredo, para representar o “esplendor do corpo humano” e é possível atestar isso nessa obra (em muitas outras também), em detalhes como as feições e até mesmo na força que seria empregada para segurar o corpo, como podemos ver nos dedos que se afundam no “tecido”.
Essa é a única obra assinada da vida do escultor. É possível ler na faixa que atravessa o peito da Virgem Maria “MICHEA[N]GELVS BONAROTVS FLORENT[INVS] FACIEBAT”, Michelangelo Buonarroti, de Florença, fez isso. Essa assinatura é posterior a conclusão da obra, pois Michelangelo ouviu rumores de que a escultura seria atribuída a outro artista devido a sua pouca idade, portanto em um momento de raiva, ele garantiu que isso não aconteceria.
A Pietà se encontra atualmente na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Davi (1501 – 1504)
Na metade do século XV, os dirigentes da Ópera do Duomo realizaram um projeto para esculpir 12 figuras em uma pedra, a fim de decorar o exterior da Catedral de Santa Maria del Fiore. Agostino di Duccio tentou, sem sucesso, realizar este feito e o projeto acabou sendo esquecido.
No início do século XVI, o projeto foi reavivado e houve uma espécie de “concurso” para escolher qual artista da época realizaria tal feito. Em 1501 a encomenda foi feita oficialmente a Michelangelo, que se isolou por 3 anos para trabalhar no imenso bloco de quase 6 metros de altura.
Assim surgiu a escultura de Davi, com 5 metros de altura e pesando mais de 5 toneladas, consagrando Michelangelo como o artista mais requisitado de Florença, naquela época.
A obra se encontra atualmente na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, além de ter uma cópia na Piazza della Signoria, onde ficava anteriormente, mas foi transferida para evitar deterioração.
Tumba do Papa Júlio II, Tragédia della Tomba e Moisés (1505 – 1545)
Convidado pelo Papa Júlio II para arquitetar sua tumba, Michelangelo apresentou um projeto audacioso e em comum acordo com o pontífice, foi para Carrara escolher o mármore. Ao retornar, soube que o Papa havia direcionado os recursos para outros projetos, devido à influência de artistas que tinham desafetos por Michelangelo, como Donato Bramante e Rafaello Sanzio.
Esse foi o início da conhecida Tragédia della Tomba (Tragédia da Sepultura, em português), que se arrastaria por muitos anos em conflitos de Michelangelo com o Papa Júlio II e posteriormente a sua morte, com seus herdeiros, mesmo com o desejo do pontífice de retomar o projeto original expresso em seu testamento.
Após muitos contratos com projetos diferentes, Michelangelo contou com ajuda de 2 sucessores de Júlio II, Clemente VII e Paulo III, para lidar com os herdeiros e finalmente concluir a tumba em 1545. Da ideia inicial, apenas a escultura de Moisés foi mantida e assim como Raquel e Lia, foram as únicas realmente executadas por Michelangelo. O restante da decoração foi feito por outros artistas, sob a supervisão do idealizador.
A escultura de Moisés foi inspirada na passagem bíblica onde Deus instaura os 10 mandamentos. Especificamente, Michelangelo retratou o momento em que Moisés desce do monte e encontra seu povo cometendo idolatria a um bezerro de ouro, e tomado por uma grande ira, joga as tábuas da lei no chão. Em um ensaio sobre a escultura, Sigmund Freud diz as seguintes palavras:
Sempre me deleita ler uma frase apreciativa sobre essa estátua, tal como ser ela ‘a coroa da escultura moderna’ (Grim [1900, 189]), porque nunca uma peça de estatuária me causou impressão mais forte do que ela. Quantas vezes subi os íngremes degraus que levam do desgracioso Corso Cavour à solitária piazza em que se ergue a igreja abandonada e tentei suportar o irado desprezo do olhar do herói!
A Tumba do Papa Júlio II, assim como a dos demais, fica localizada nas Grutas do Vaticano, abaixo da Basílica de São Pedro.
Capela Sistina (1508 – 1512)
Em meio ao caos da Tragédia della Tomba, Papa Júlio II também pede a Michelangelo a pintura da abóbada da Capela Sistina. Relutante, pois não queria trabalhar com pinturas, principalmente Afrescos (técnica de pintura que consiste em pintar diretamente sobre o revestimento ainda fresco da parede, em argamassa de cal, com pigmentos diluídos em água que penetram e a ele se fundem), o artista aceita, para não acumular mais desavenças com o Papa.
A gigantesca obra conta com 9 painéis centrais passando por toda a história da criação e as laterais que o cercam, contém os profetas e as sibilas (mulheres oraculares da antiguidade). As 9 histórias bíblicas escolhidas para a parte central foram: A separação da luz e das trevas, A criação do Sol e da Lua, A separação das águas e da terra, A criação de Adão, A criação de Eva, O pecado original, O sacrifício de Noé, O dilúvio e A embriaguez de Noé.
Michelangelo precisou construir andaimes que possibilitassem a pintura, sem estragá-la e que permitissem ainda a movimentação de pessoas abaixo, visto que a capela estava em pleno funcionamento. Ele adicionou telas nos andaimes para impedir que as gotas de tinta pingassem no chão de mármore da igreja.
Uma curiosidade que remete aos seus estudos de anatomia é na seção “A Criação de Adão”, onde o lado que representa Deus parece estar inserido dentro de um cérebro.
Capela dos Médici (1520 – 1534)
Parte do complexo da Basílica de San Lorenzo, a Capela dos Médici serve de mausoléu e museu da família que ajudou Michelangelo a dar seus primeiros passos na arte das esculturas. Ele foi chamado por eles para trabalhar no projeto, principalmente na parte chamada Nova Sacristia.
As tumbas de Lorenzo e Giuliano Médici são estátuas deles próprios, representados como comandantes romanos e adornadas com outras esculturas de homem e mulher que fazem alusão ao dia e a noite, amanhecer e crepúsculo, nascimento e morte.
Pietà Rondanini (1552 – 1564)
Considerada o “testamento espiritual” de Michelangelo, Pietà de Milão ou Pietà Rondanini (família que comprou a obra em 1774), foi a última obra em que o artista trabalhou, deixando-a inacabada.
Diferente da perfeição que apresenta na Pietà do Vaticano, e da serenidade vista na primeira obra, essa nova escultura, mais de 50 anos depois, é de uma imperfeição poética, com sentimentos mais intensos. Nela, a Virgem Maria segura Cristo em pé e de certo modo, suas mãos até se fundem à carne do filho, talvez numa tentativa desesperada de revivê-lo.
A última obra de Michelangelo pode ser visitada no Castelo Sforzesco, em Milão.
Bônus: Altar da Capela Sistina (1537 – 1541)
Além das 7 obras citadas anteriormente, precisamos destacar o Altar da Capela Sistina, encomendada pelo Papa Clemente II e finalizada sob o pontificado de Paulo III.
A pintura retrata o Juízo Final, com mais de 400 elementos. Ela causou muita polêmica pelo fato da maioria dos corpos estarem nus. Isso fez com que posteriormente, o Papa Paulo IV solicitasse a outro artista, a cobertura dos corpos, trabalho que foi desfeito na restauração da obra durante o papado de João Paulo II.
Dizem que a figura de São Bartolomeu nesta obra carrega sua pele e nela foi retratado o rosto do próprio Michelangelo.
Esse foi o nosso compilado das 7 obras mais famosas de Michelangelo. O artista faleceu em Roma, no dia 18 de fevereiro de 1564 e seu túmulo se encontra na Basílica de Santa Croce, em Florença. Uma frase do escultor que ficou famosa e reflete muito sua paixão pela arte:
Até mesmo o melhor escultor não pode conceber uma ideia que já não esteja escondida dentro de um bloco de mármore.
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