Conheça as obras de Salvador Dalí, pintor espanhol e grande nome do surrealismo

Nascido em 11 de maio de 1904, em Girona, na Espanha, sendo possivelmente o artista mais conhecido do surrealismo, Salvador Dalí tem como marca registrada ilusões de ótica, hologramas e truques de perspectiva, além do seu famoso bigode, homenageado nas máscaras da série La Casa de Papel.

Quando criança, tinha muita raiva e se comportava de uma forma perturbadora, conforme conta em sua autobiografia “A vida secreta de Salvador Dalí”. Ele acreditava ser seu próprio irmão morto e reencarnado, retratando posteriormente isso em algumas de suas obras.

Seu contato com as artes aconteceu a partir de 1920, quando ele ingressa na Escola de Belas Artes de Madri, onde estuda diversos estilos como Cubismo e Realismo Tradicional, tendo como inspiração os renascentistas italianos Rafael e Michelangelo. Dalí foi expulso da universidade em 1926 por se recusar a fazer as provas de teoria das belas-artes.

Sua obra começa a seguir para o surrealismo a partir dessa época, desenvolvendo um estilo que chamou de método crítico-paranoico, trazendo muitos elementos oníricos. Reunimos nesse artigo as obras mais famosas de Salvador Dalí. Confira:

Aparelho e Mão (1927)

Salvador Dalí - Aparelho e Mão
Salvador Dalí – Aparelho e Mão

Considerado o primeiro grande trabalho de Salvador Dalí dentro do estilo surrealista. Foi desenvolvido enquanto o artista lia as teorias psicanalíticas de Sigmund Freud e passou a pintar as imagens de seus sonhos.

O Enigma sem Fim (1928)

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Salvador Dalí – Enigma Sem Fim

Esse trabalho pode ser considerado o melhor exemplo do método crítico-paranoico desenvolvido por Salvador Dalí. É possível ver o entrelaçamento de elementos, mas também faz o espectador focar em cada um individualmente, para tentar compreender a obra como um todo.

O grande masturbador (1929)

Salvador Dalí - O Grande Masturbador
Salvador Dalí – O Grande Masturbador

Nessa obra, encontramos muitos elementos que podem ser reconhecidos em outro trabalho de Salvador Dalí, A persistência da memória. A forma central onde tudo é construído é o rosto adormecido de Dalí, visto que suas obras retratam os sonhos.

O busto feminino acredita-se ser de sua companheira Helena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala, que conheceu no ano de 1929 e veio a se casar em 1934. Ao lado do rosto dela se erguem membros inferiores masculinos, sendo possível discernir as curvas do órgão sexual próximo à boca da mulher, vindo daí o título da pintura.

A persistência da memória (1931)

Salvador Dalí - A Persistência da Memória
Salvador Dalí – A Persistência da Memória

A obra mais famosa de Dalí surge em um momento de indisposição, ao se recusar sair para passear com a esposa, ele fica em casa pintando o que veio a ser A Persistência da Memória.

Alguns estudiosos da arte afirmam que os relógios dessa tela tem inspiração na Teoria da Relatividade, de Einstein, simbolizando a relação entre tempo e gravidade. Salvador Dalí disse em sua autobiografia que a inspiração veio de queijos camembert derretidos que o artista comeu horas antes de pintar, e que o tempo passa como esses queijos, que derretem sem que possamos controlar.

A presença de insetos também é comum em suas obras. Nessa podemos ver formigas sobre um dos relógios, e no outro que derrete sobre a mesa, é possível ver uma mosca, simbolizando a passagem de tempo subjetiva para cada observador.

Construção suave com feijão cozido – premonição da Guerra Civil (1936)

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Salvador Dalí – Construção suave com feijão cozido

Essa pintura é considerada uma premonição da Guerra Civil Espanhola e teria sido pintada 6 meses antes do início do confronto, mas há estudos que dizem que pode ter acontecido até mais tempo antes, em 1934. Ele dizia que conseguiu prever os acontecimentos devido ao “poder profético de sua mente subconsciente”.

Nessa obra podemos ver uma disputa entre 2 seres que parecem ser o mesmo, fazendo alusão à Guerra Civil. Sobre a presença dos feijões na tela, Dalí diz o seguinte: “não se poderia imaginar engolindo toda aquela carne inconsciente sem a presença de algum vegetal”.

Metamorfose de Narciso (1937)

Salvador Dalí - Metamorfose de Narciso
Salvador Dalí – Metamorfose de Narciso

Inspirada no mito grego de Narciso, Dalí trás essa obra em 1937. Segundo a mitologia, Narciso se apaixonou por seu reflexo na água e por não poder efetivamente pegá-lo, acabou morrendo de fome e sede. Por piedade, os deuses o transformaram numa flor que hoje leva seu nome.

Salvador Dalí retrata então esse momento em seu estilo surrealista. Vemos à esquerda, Narciso, na água, admirando seu reflexo. Na direita, temos uma forma semelhante em curvas, representando uma mão, que segura um ovo de onde brota a flor de Narciso.

A tentação de Santo Antônio (1946)

Salvador Dalí - A tentação de Santo Antônio
Salvador Dalí – A tentação de Santo Antônio

A concepção dessa obra foi motivada por um concurso realizado pelo diretor de cinema Albert Lewin e apesar de não conseguir ganhá-lo, a pintura de Salvador Dalí ficou muito reconhecida.

A arte retrata um Santo Antônio desnudo, visão que Dalí tinha das fragilidades humanas no inconsciente, tendo como proteção apenas uma cruz, também de aparência frágil. À frente do santo encontram-se seus medos e a tentação, de proporções exageradas para enfatizar a maldade.

Artes inspiradas pelos artistas do renascimento

Desde seus tempos na Escola de Belas Artes de Madri, Dalí buscava inspiração nos grandes nomes do período renascentista e inclusive reproduziu em seu próprio estilo, obras comuns dessa época.

A primeira delas foi em 1955, com uma modernização da obra A Última Ceia, que apesar de ter sido retratada por diversos artistas, teve sua versão mais famosa, eternizada por Leonardo Da Vinci. Além da influência do pintor italiano, Salvador Dalí traz em sua pintura muitos elementos geométricos e simétricos, feitos com base na matemática de Pitágoras.

Salvador Dalí - A Última Ceia
Salvador Dalí – A Última Ceia

Mas a maior referência de Dalí sem dúvidas foi Rafaello Sanzio, que inclusive foi o motivo de sua expulsão da escola, ao pedirem para dissertar sobre o artista, sua resposta foi “É-me impossível falar sobre esse assunto à frente de três professores que sabem muito menos sobre Raffaello do que eu”.

Ele pintou, em 1958, utilizando como base a Madonna Sistina de Rafael, uma versão que ficou conhecida como Orelha Madonna. Nessa tela podemos ver pontos que formam uma orelha, baseada numa fotografia que estava num jornal que continha a orelha do Papa João XXIII, e ao fundo, a obra de Rafael.

Salvador Dalí - Madonna Sistina
Salvador Dalí – Madonna Sistina

O trauma do irmão morto

Em sua autobiografia, Salvador Dalí detalha como foi a sua infância e como se desenvolveu o pensamento de que era a reencarnação de seu próprio irmão, falecido anos antes de seu nascimento.

Ele disse “Sem um Dali morto não existiria um Dali vivo” e também que só se libertou desse trauma e compreendeu a si próprio graças a sua amada, Gala. Mesmo assim, trouxe muito dessa questão para suas obras, como o Retrato de Meu Irmão Morto, de 1963.

Salvador Dalí - Retrato de Meu Irmão Morto
Salvador Dalí – Retrato de Meu Irmão Morto

Essas são as obras mais famosas de Salvador Dalí. O pintor faleceu de insuficiência cardíaca no dia 23 de janeiro de 1989 e está enterrado em uma cripta embaixo do palco do Teatro-Museu Dalí, local reformado por Dalí em 1960 e onde viveu nos últimos anos de vida.

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