Pra não dizer que não falamos das flores”, hoje vamos contar a história da MPB (e uma parte da história do Brasil). Afinal, o que chamamos de Música Popular Brasileira (MPB) tem tudo a ver com a época do regime militar no país. 

Na década de 1960, muitas pessoas foram perseguidas por lutar contra a ditadura, inclusive os artistas. Por sinal, boa parte dos filmes e das músicas foram censurados antes mesmo dos lançamentos. E isso inclui a canção do começo do post: “Pra não dizer que não falei das flores”.

Por isso, vale conferir uma série que mostra os desafios do período que trouxe à tona a história da MPB. Em “Cale-se – A Censura Musical”, você descobre como os artistas buscavam maneiras criativas de driblar os departamentos de censura.  

5 curiosidades para fazer uma imersão na história da MPB

Para começar, sabia que a história da MPB teve início logo após a Bossa Nova? Justamente por isso, podemos notar uma grande influência do “novo jeito de tocar e cantar”. Então, continue com a gente para descobrir como tudo aconteceu!

1. O que significa MPB?

Entender o que é a MPB pode ser mais fácil do que parece. Isso porque a sigla se traduz simplesmente como: Música Popular Brasileira. Até aí tudo bem, certo? Mas o que isso significa na prática? 

Em outras palavras, a MPB se inspirou em ritmos que já faziam parte da cultura nacional. Além da Bossa Nova, essa inspiração veio dos estilos Modinha, Choro, Samba e afins. E não é só isso! Daí também surgiram outros movimentos musicais, como a Tropicália e a Jovem Guarda.

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2. Como surgiu a MPB? E onde nasceu?

Se você quer saber onde surgiu a MPB, lembra que falamos da conexão com a Bossa Nova? Com isso em mente, vamos fazer um passeio pelo Rio de Janeiro na década de 1960, às vésperas da ditadura que começou em 64. 

Antes de se chamar MPB, o estilo era conhecido como Música Popular Moderna (MPM). Esse era um jeito de identificar tudo o que não era Bossa, Marchinha, Moda de Viola e Samba. Por outro lado, tais canções mantinham suas tradições regionais, além da influência do Jazz (que veio da Bossa Nova).

3. Quem é considerado o fundador da MPB?

Para saber quem criou a MPB, vamos ao marco inicial do gênero. Nesse sentido, o primeiro passo do estilo foi a participação de Elis Regina no 1º Festival de Música Popular Brasileira

Na ocasião, ela interpretou “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Assim, a pimentinha abriu espaço para um novo conceito musical, que era diferente da Bossa Nova.

4. Quais são os maiores nomes da MPB de todos os tempos?

De acordo com a Revista Bula, esses artistas estão entre os maiores nomes da Música Popular Brasileira:

Além disso, não podemos deixar de citar outros artistas e bandas que também fizeram a  história da MPB:

E para você: quem mais podemos adicionar nessa lista para os futuros posts? Aliás, se quiser conhecer outros nomes da história da MPB, sabia que existe um dicionário próprio? Para isso, o musicólogo Ricardo Cravo Albin criou o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira!

5. Quais são as características da MPB?

Desde o início, muitas canções da MPB eram vistas como protestos contra a ditadura militar. Dessa maneira, os artistas tentavam atrair a atenção do povo para os problemas sociais. 

Nesse período, a televisão começou a se popularizar no país. E essa foi a vitrine que ajudou a consagrar a MPB, ampliando o alcance das canções para uma escala nacional. Por isso, os artistas precisavam ser ainda mais criativos na hora de “burlar” a censura.   

Para exemplificar, “Meu novo sapato”, de Paulinho da Viola, era uma metáfora sobre os militares. Já “Apesar de você”, de Chico Buarque, falava do autoritarismo, da repressão e daí em diante. 

Além disso, a MPB foi evoluindo com o passar do tempo e se misturando com outros estilos. Assim como o Tropicalismo deu um ar mais Pop, a Jovem Guarda apostou no Rock, por exemplo.

Falando nisso, preparamos uma playlist para você conferir essa evolução musical. E, claro, o set também inclui alguns artistas mais recentes, como Anavitória, Silva Tiago Iorc e mais.

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10 músicas que quebraram o silêncio na história da MPB 

A música contribuiu (e muito) para quebrar o silêncio imposto pela ditadura. Portanto, listamos 10 hinos da história da MPB, incluindo as canções censuradas pelo regime militar.  

1. Pra não dizer que não falei das flores

Sem dúvida, o clássico de Geraldo Vandré é uma das canções de protesto mais famosas. E, décadas depois da ditadura, este hino entrou para a lista das 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos.

2. O bêbado e o equilibrista

Composta por Aldir Blanc e João Bosco, essa música que fala do exílio foi imortalizada na voz de Elis Regina. De fato, muitas pessoas precisaram sair do Brasil durante o regime ditatorial, inclusive “o irmão do Henfil”. No caso, eles falavam sobre Betinho, Herbert José de Sousa, um ativista dos direitos humanos que ficou exilado no Chile.

3. Cálice

Usando metáforas para driblar os censores, o “cale-se” típico da repressão se transformou em “cálice” nas vozes de Chico Buarque e Milton Nascimento. Nessa música, composta em parceria com Gilberto Gil, eles falam “nas entrelinhas” sobre a ditadura, para evitar a censura e a tortura. A propósito, sabia que o Chico precisou usar o pseudônimo Julinho da Adelaide quando ficou no radar dos censores?

4. Alegria, alegria

Agora, vamos seguir “caminhando contra o vento, sem lenço, nem documento”. Assim como o tropicalista Caetano, muitas pessoas queriam simplesmente “seguir vivendo”. Contudo, isso era considerado um ato de rebeldia dentro de um regime militar. 

5. Hoje é dia de El-Rey

Muitas canções de Milton Nascimento foram censuradas na ditadura. No álbum Milagre dos Peixes, por exemplo, a “solução” foi gravar a maior parte das faixas sem as letras originais. Nesse disco, foram 8 faixas instrumentais (do total de 11 músicas).

6. Apenas um rapaz latino-americano

Já a composição de Belchior retrata o sentimento dos jovens que não podiam se expressar no regime militar. E essa música continua bem atual, sendo citada até mesmo pelos Racionais MC’s, no RapCapítulo 4, Versículo 3”.

7. Carcará

A canção que era interpretada na voz suave de Nara Leão ganhou ainda mais força com Maria Bethânia. Afinal, a ave de rapina “Carcará” se tornou uma metáfora para falar das atitudes dos militares da época. 

8. Acender as velas

A canção de Zé Keti também foi censurada, por falar das dificuldades vivenciadas nas favelas. E vale lembrar que as críticas políticas e sociais eram um alvo certo dos departamentos de censura.

9. Tiro ao Álvaro

E, falando em censura, até o sambista Adoniran Barbosa teve sua canção vetada. Segundo o documento oficial do veto, a justificativa foi a “a falta de gosto”. Mas, na verdade, as palavras “tauba” e “automorve” eram recursos linguísticos usados de maneira proposital.

10. Mosca na sopa

Por fim, chegamos ao momento do “toca Raul”, já que ele era conhecido por incomodar os militares. Enquanto Raul Seixas era o próprio inseto, a tal da sopa simbolizava o governo militar. Por essas e por outras, o cantor foi parar lá no porões do Dops (Departamento de Ordem Política e Social).

Bônus: mais artistas que continuam fazendo a história da MPB 

Playlist com + de 40 hits da MPB

Para curtir as músicas do post (e algumas mais), preparamos uma seleção brasileiríssima. Então, corre no Spotify e vem ouvir a playlist [MPB] #8 Artcetera!

Agora que já falamos das flores (e dos desafios da história da MPB), o post está chegando ao fim. Mas você ainda pode conferir mais artigos, que tal? Aliás, já vamos avisar de antemão que você pode se surpreender com outras histórias, como: 

  • o Blues começou com um homem tocando violão com seu canivete;
  • a cultura Hip Hop vai bombar até nas Olimpíadas com o breakdance;
  • e o Axé atraiu o Rei do Pop, Michael Jackson, para tocar aqui na Bahia.  

Se interessou? Então corre para ler mais posts do blog Artcetera. E, claro, fique à vontade para curtir as músicas à sua maneira! 😻

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