Relembre essas curiosidades sobre o cantor Chorão
Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, foi o vocalista da banda Charlie Brown Jr. Em março de 2023 completou-se 10 anos desde o precoce falecimento do artista, que deixou para trás, não somente o grupo musical, mas também muitos fãs espalhados pelo mundo inteiro.
Pensando em homenagear o grande cantor, compositor e até roteirista e cineasta que foi Chorão, o Artcetera reuniu nessa lista algumas curiosidades sobre a vida, banda e é claro, o amor pelo skate que ele tinha.
Apelido e Skate
Nos anos 80, Alexandre ainda não era um exímio skatista e estava aprendendo o esporte, e assim acabava errando diversas manobras e ficando com cara de choro, segundo amigos da época. Foi assim que Fábio Bolota cunhou o apelido que viria mais tarde se tornar o nome artístico do cantor, Chorão.
Mesmo com esse início conturbado, Chorão conseguiu dominar o skate, chegando a participar de competições na década de 80, ajudando a disseminar o esporte no Brasil e sendo a voz da expressão “Skateboard na veia, rock’n’roll até a alma”. Em 2005, o cantor inclusive fundou uma pista, a Chorão Skate Park que infelizmente foi abandonada após seu falecimento.
Início na música
A primeira experiência de Chorão como vocalista foi um ataque de oportunidade. Ele aproveitou que o cantor de um show, em Santos, havia se ausentado e puxou o microfone para si, pedindo à banda para acompanhá-lo na música War Inside My Head, da banda Suicidal Tendencies.
Esse episódio o levou para a sua primeira banda, What’s Up, que tinha no repertório heavy metal, apenas em inglês. Lá ele conheceu Champignon que veio a ser seu companheiro em Charlie Brown Jr.
O nome da banda
Há quem faça do limão, uma limonada. Podemos dizer que, de um certo modo, Chorão fez do coco uma cocada. Ele se envolveu em um acidente ao dirigir num dia chuvoso em Santos, e acabou atropelando uma barraca de coco que tinha estampada o personagem Charlie Brown, da série Peanuts.
A adição do Junior, segundo Chorão, veio do fato do grupo se enxergar como filhos do rock, tendo influência de outras bandas já consolidadas na época, como Raimundos e Nação Zumbi. E assim foram batizados de Charlie Brown Jr.
O início da carreira foi conturbado para Chorão, mas ele estava disposto a fazer acontecer. Chegou a vender coisas da casa do pai para arcar com os custos de produção, passou fome e até foi despejado, como relatou na música Confisco.
Chorão Cineasta
Dono de uma mente muito criativa, Chorão era apaixonado por diversas artes além da música. Ele dirigiu muitos dos clipes da banda e até escreveu um filme chamado O Magnata, que foi dirigido por Johnny Araújo e lançado em 2007.
O filme conta a história em que Paulo Vilhena interpreta o magnata, apelido de André, um cantor que passa seus dias na periferia de São Paulo gastando sua herança, enquanto se apresenta em clubes. Ele acaba despejando seus traumas se envolvendo em situações de risco, como aceitar o desafio de roubar uma Ferrari, que provoca consequências muito trágicas.
Chorão chegou a escrever um segundo filme, intitulado O Cobrador, mas que nunca foi produzido. O roteiro está em posse de seu filho Alexandre.
Brigas e Polêmicas
O temperamento de Chorão era um pouco quente, o que fazia o cantor constantemente se envolver em polêmicas e brigas, com outros artistas e até mesmo com os amigos da banda.
O episódio mais polêmico a ser lembrado foi a agressão ao vocalista do Los Hermanos, Marcelo Camelo, no aeroporto de Fortaleza, em 2004, onde Chorão deu uma cabeçada e um soco no cantor. Segundo Camelo, foi um mal-entendido de Chorão sobre uma entrevista em que Marcelo citou um comercial para uma marca de refrigerante estrelado pelo vocalista do Charlie Brown Jr.
Em sua versão da história, contada no programa Ensaio, da TV Cultura, Chorão disse que se sentia perseguido por Camelo, pois o cantor emitia constantes opiniões negativas sobre o Charlie Brown Jr. e mesmo após pedidos de Chorão, a perseguição não cessou culminando no momento da briga.
Como dito anteriormente, nem mesmo os integrantes da banda escapavam das brigas com o cantor. No meio de um show em 2012, Chorão ofendeu Champignon no microfone, o que fez o companheiro se retirar do palco. O desentendimento foi resolvido no mesmo dia.
Mais algumas considerações
Antes de fechar nossa lista, é válido citar que apesar de todas as polêmicas, Chorão era um homem de bom coração. Após sua morte, descobriu-se que o cantor fez muitos atos de caridade em vida, mas que preferia manter em sigilo.
Entre apadrinhamentos de projetos sociais, doações para ONGs, reverter cachês em ações para comunidades carentes, compras de cadeiras de rodas, e muitas ações mais, temos a mais notável: o pagamento da construção de um prédio inteiro no Hospital do Câncer de Barretos – hoje, Hospital do Amor – que serve de alojamento para os motoristas que transportam os pacientes. Esse complexo tem o nome de Geraldo Abrão de Jesus, em homenagem ao pai do cantor que faleceu vítima de um câncer.
Ao contrário do que muitos pensam, apesar do amor pela cidade, Chorão não era natural de Santos. Ele nasceu em Tremembé, São Paulo, mas passou a viver em Santos, posteriormente.
Ele morreu no dia 6 de Março de 2013, vítima de uma overdose de cocaína. Ele era dependente químico e seu casamento com a estilista Graziela Gonçalves acabou por esse motivo, o que levou o cantor à uma depressão que ocasionou sua morte.
Além das inúmeras homenagens realizadas por fãs, amigos, skatistas e Santos, o seu time do coração, a prefeitura de Santos decretou luto oficial por três dias e 10 anos depois inaugurou a Santos Skatepark Chorão, onde foi realizado o Campeonato Brasileiro de Street Skateboarding.
Finalizamos por aqui nossa lista de curiosidades sobre Chorão, um artista que marcou a sua época e até hoje deixa saudades para várias gerações. Como ele mesmo diz em Vícios e Virtudes:
O tempo às vezes é alheio à nossa vontade, mas
Só o que é bom dura tempo
O bastante pra se tornar inesquecível
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