Curte Fotografia? Vídeo? Dança? Pintura? Instalação? E que tal mesclar tudo isso com um olhar que vai do resgate da ancestralidade até a experimentação afrofuturista? Se a ideia te interessa, venha descobrir como foi o começo da Castiel Vitorino Brasileiro na Arte Visual.

Hoje, falaremos sobre uma artista multifacetada, que lança mão de vários tipos de Artes Visuais. E, mesmo sendo jovem, seu trabalho já vem sendo reconhecido no mundo todo, inclusive na Bienal de Berlim, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e segue o fio. 

3 curiosidades sobre a Castiel Vitorino Brasileiro

Para fazer uma imersão no estilo da Castiel Vitorino Brasileiro, confira os primeiros passos dela no mundo da arte. Depois disso, falaremos sobre suas obras famosas, frases icônicas, entrevistas para diversos canais e assim por diante. 

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1. Quem é a Castiel Vitorino Brasileiro?

Castiel Vitorino Brasileiro é uma artista visual e escritora, além de Mestra em Psicologia Clínica. Sua prática artística e acadêmica resgata a força vital da cultura Bantu, que está na raiz da identidade do Brasil, assumindo “a cura como um momento perecível de liberdade”. 

Em busca de momentos “indescritíveis, insondáveis e misteriosos”, a artista quer “continuar perecível” e ser “imensurável”. Aliás, ela “vive o princípio da transmutação como um destino inevitável”, ao passo que “estuda e constrói espiritualidade e ancestralidade interespecífica”. 

Segundo o IMS, Castiel “pesquisa e inventa relações em que corpos não humanos se desprendem das amarras da colonialidade”. Adicionalmente, vale lembrar que ela é uma das idealizadoras do projeto de imersão artística Devorações, que se propõe a: 

“Desnaturalizar os gêneros, os sexos e as raças por meio de investigações racionais e sensitivas e subverter o saber colonizado sobre os LGBTT+, especialmente os corpos não-brancos”.

Da ancestralidade ao afrofuturismo

Em entrevista ao portal Subtile, Castiel disse o seguinte:

“Nasci dentro de uma comunidade quilombola, mesmo, porque eu compreendo o Morro da Fonte Grande como um espaço quilombola (…) É onde eu fiz o Congo, onde eu fiz capoeira, é onde eu aprendi a dançar, é onde eu aprendi a ler também. Então, o que acontece comigo em relação à arte é que ela me acompanha desde o início da minha vida (…) a prática de estetizar a vida…”

Sua prática vai desde a diáspora Bantu, passando pela “espiritualidade e ancestralidade travesti” até o afrofuturismo. Nessa linha, o site Vice fala sobre a reversão do whitewashing, incentivando a “cena de arte genuinamente brasileira influenciada pela história negra”.

Por falar nisso, a própria artista descreve seu trabalho da seguinte forma:

“Investigo como a violência criada durante a escravidão construiu uma nação genocida. Estudo os processos de colonização de países africanos e seus desdobramentos em território brasileiro, fazendo do meu corpo o foco principal deste trabalho através de performance e fotografia”.

2. Quando a Castiel Vitorino Brasileiro começou como artista visual?

A primeira exposição coletiva de Castiel, “Davisuais”, aconteceu em 2016, com a obra “tensionamentos”. Depois, ela começou a expor em outros espaços, sendo que sua primeira mostra individual, “O trauma é brasileiro”, foi realizada em 2019, em Vitória (Espírito Santo).

De acordo com o site Subtile, o trabalho de Castiel evidencia “o corpo como um lugar de memória”. Diante disso, ela explora “as relações entre os corpos, a prática da macumba e as marcas da colonialidade”, em trabalhos que já foram expostos no mundo todo, incluindo:

  • 11th Berlin Biennale for Contemporary Art | Berlim | Alemanha
  • 12ª Bienal Sesc de Dança | São Paulo | Brasil
  • Espaço Coaty | Bahia | Brasil
  • Galeria Homero Massena | Espírito Santo | Brasil
  • Hessel Museum of Art | CCS Bard Galleries | Nova Iorque | Estados Unidos
  • Kunsthalle Wien | Viena | Áustria
  • La Virreina Centre de la Imatge | Barcelona | Espanha
  • LUX | Waterlow Park Centre | Londres | Inglaterra
  • Museu Capixaba do Negro | Espírito Santo | Brasil
  • Museu de Arte Moderna | Rio de Janeiro | Brasil
  • Pinacoteca | São Paulo | Brasil

3. Quais são as linguagens artísticas de Castiel Vitorino Brasileiro?

Como uma artista multifacetada, Castiel Vitorino Brasileiro mescla diversas linguagens de Arte Visual e Literatura. Por falar nisso, ela se propõe a criar “templos”, em “espaços perecíveis de liberdade”, incluindo as expressões de:

10 obras mais famosas da Castiel Vitorino Brasileiro

A seguir, selecionamos 10 obras famosas da Castiel Vitorino Brasileiro. Em paralelo, dê uma olhada nos demais trabalhos dela, diretamente no site da artista visual e escritora, ok? 

1. Exposição | Corpo-flor

Série de 16 fotografias expostas no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Na  mostra “Composições para tempos insurgentes”, os autorretratos de Castiel surgem a partir da promessa de: 

“Respeitar e acolher a condição transfigurável das vidas do universo, que a cada aparição apresentam-se numa nova forma. A partir disso, o conjunto de fotografias surge como uma nova ontologia.”

2. Documentário Quarto de Cura

Experiência instalativa no Morro da Fonte Grande, em Vitória (ES), com fotografias, desenhos, costura, plantas etc.

3. Comigo-ninguém-pode

Fotografia digital, com prótese em macramê, algodão, ramos de aroeira, tecido e folhas de espada de Ogum.

Castiel Vitorino Brasileiro - Comigo ninguém pode

Fonte: Portfólio

4. A Cambonagem e o Incêndio Inevitável

O filme é descrito da seguinte forma: 

“Inevitável é o acaso da forma do fogaréu. Inevitável é o fogo que acontece em mim quando eu danço. A cambonagem trata-se de um pacto: acolheremos a imprevisibilidade de nossos caminhos”.

5. O Trauma É Brasileiro.DOC

Documentário de Castiel Vitorino Brasileiro e Roger Ghil, com o “registro das experiências estéticas de cura profana”:

6. Uma Noite Sem Lua

Na poética da Castiel, este filme representa o seguinte:

“O limite das linguagens usadas para descrever nossas transfigurações, é a palavra. A palavra Travesti é um limite, um convite e um lembrete. E minha escuridão pré-existe à raça e ao gênero. A comunidade é, ao mesmo tempo, veneno e mel. Eu sou bantu. Eu sou a mensageira que anuncia a transmutação que nomeamos de Travesti”.

7. Eclipse

Espaço perecível de liberdade criado no Hessel Museum of Art (CCS Bard Galleries), em Nova Iorque (Estados Unidos).

Castiel Vitorino Brasileiro - Eclipse

Fonte: Portfólio

8. Para todas as moças  

Curta-metragem em que Castiel começa cantando os seguintes versos:

“Eu agora vou falar para todas as moças. Eu agora vou bater, para todas as moças. Para todas as travestis, para todas elas. Eu agora vou fazer macumba para todas as bixas. Para todos os testículos femininos, para todas elas”.

9. A história tem me exigido crueldade

A artista esculpiu objetos com cerâmica esmaltada, como as espadas que foram usadas na série fotográfica.

Castiel Vitorino Brasileiro - Espadas

Fonte: Portfólio

10. Como se preparar para guerra

Performance realizada no 1º Seminário Afronta – Compartilhando Saberes e Afetos, em Vitória (ES).

https://youtu.be/NX8_rT6lA0k

5 destaques para ir além da biografia da Castiel Vitorino Brasileiro

Agora que você conhece algumas obras dessa artista multimídia, confira também suas entrevistas, frases, livros e afins:

1. Principais entrevistas da Castiel Vitorino Brasileiro

2. Livros da Castiel Vitorino Brasileiro

3. Frases famosas da Castiel Vitorino Brasileiro

  • “Vivo a transmutação como um destino inevitável”.
  • “Assumi a cura como um momento perecível de liberdade”.
  • “A minha poética é uma prática de sacrifícios cotidianos”.
  • “Algumas mitologias construídas para nós, pessoas racializadas como negras, em especial, e nós, pessoas travestis, não passam de falácias e distrações. O que eu faço são convites e lembretes de que nós podemos viver outra história, que não essa racial e de gênero”.
  • “Só volto a crescer quando eu morrer”.
  • “Quando eu for azul, serei mar”.
  • “O estado sólido do fogo é a saudade”.
  • “A espiritualidade é se autoconstruir. Eu não entendo como ela está lá na África, eu vou lá buscar, e tá lá me esperando. A minha ancestralidade, eu crio ela. Porque, quando eu começo a transição de gênero, o que acontece comigo é construir uma espiritualidade, construir uma ancestralidade.”
  • “Vivo e trabalho no Planeta Terra”.
  • “Num domingo de festa, perambulo pela celebração de Ogum São Jorge, com uma espada que aglutina e redistribui vitalidade”.
  • “Nada aqui se acaba”.
  • “Abandone-se à imprevisibilidade das sensações como quem flutua na superfície da Kalunga”.
  • “Quando o segredo é revelado, o mistério não é roubado”.
  • “Chegou um momento que eu comecei a transição de gênero, mesmo sem saber o que estava acontecendo – porque também não precisa saber sempre. Nessa transição, eu não conseguia falar sobre ela na Psicologia. Aí, eu comecei a fazer algumas coisas na arte.”
  • “Pele é pensamento”.
  • “A lua não é uma mulher e o sol não é um homem. Os astros desrespeitam os princípios modernos de feminino e masculino. E o fato de, todos os dias acontecerem eclipses em mim, não me faz uma travesti”.
  • “No Brasil, meu rompimento com o orgulho racial/negritude e o fim do orgulho de gênero/travesti é entendido como embranquecimento. Não sou negra, não sou travesti, não sou a lua, não sou o sol. Eu sou a mensageira, eu sou o meu próprio fim”.

4. Prêmios recebidos pela Castiel Vitorino Brasileiro

5. Redes sociais da Castiel Vitorino Brasileiro

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E aí, gostou das curiosidades sobre a Castiel Vitorino Brasileiro? Por sinal, aproveite para conhecer a artista Jota Mombaça, a escritora africana Chimamanda N. Adichie e a atriz Edvana Carvalho. Aqui na Artcetera, valorizamos todas as pessoas que se dedicam à arte e cultura. 😍

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